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terça-feira, 29 de março de 2011

Goteira

Goteira teimosa
a escorrer pela telha
morrendo no chão.

Perturba e acorda
resmunga como sempre
o arcado ancião.

Relembra bons tempos
da goteira teimosa,
que através do zinco
molhava o barracão!

E sempre pingando
ou o sol demarcando
como espada o colchão.

E a noite o luar
quando infiltrava
de leve o acariciava
preenchendo a solidão!

Agora resta é contar
os pingos caindo
a memória esvaindo
e de saudade chorar!

A.C.amorim

                            

quinta-feira, 24 de março de 2011

Sei o que vão dizer: Isto é coisa que se escreva? E pior num blog?
Onde todos lêem? Isto não é tema de poema!
Não, não é poema. Isto aconteceu e marcou bastante.
E um dia  eu estava vagando com meus pensamentos o passado e lembrei
do triste ocorrido!
Peguei um lápis e rascunhei...

JOÃO SÓ


João de que? Ou João só!...


Pára pensativo na estação,
olha para o lado desconfiado.
Não conhece ninguém
fica parado...
João saiu de sua terra e na mala,
algumas peças de roupas e balas,
desembrulha uma, a fome aperta...
Decide... uma coisa é certa.
João caminha, precisa ir em frente,
porque a fome já confunde a mente...
Turva-lhe a visão, sente sede...
onde está a água? Vê uma rede...
     Cuidado moço! Grita em voz aguda...
      É comigo? É minha mãe, mas ela é muda...
"Ah! Estou sonhando, eu vim só!
Deixei minha mãe, mulher e avó...
Quem me acena, ai que dor!"


Ih! Acho que cai! Que calor!...
Olha... um anjo veio me ajudar,
está todo de branco, que doce olhar!...


Naquela estação João era ninguém,
ali nenhum parente...Alguém aparece...
E com a pá retira os restos de João,
sem vintém espalhados no chão!
A rede que João cansado avistara,
era a linha do trem,
a fome o cegara
e terminava sua ilusão!


A.C.Amorim
28/07/2007

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quarta-feira, 23 de março de 2011

A
   NOIVA!

Vestido branco, a grinalda marcando a pureza,
entra na capela com a alma em êxtase.
A hora tão esperada brilha em beleza,
o luxo dava a todos a sensação de ênfase.

Das passadas leves mas nervosas,
no compasso da marcha nupcial,
o pai a levava e suas mãos calorosas,
apertavam a cada nota e caminhavam...

Dali em diante seria diferente.
Entregue ao homem que sempre amou,
sua rota de ilusões tão sómente
completaria sua meta.É o que sonhou!

A cauda do vestido se arrasta pelo chão,
tão longo como os sonhos a vir!
E como princesa altiva leva no coração,
esperança e amadurecimento e passa a sorrir!

As fileiras de flores nos bancos sorriem.
A união promete felicidade suprema,
se entrega ao amado tudo é perfeito,
agora feliz e forma, uma estrofe de poema!

Completa o sacerdote o ritual abençoado.
As alianças unidas são colocadas nos dedos,
o casal se beija e sela o juramento marcado,
que esse amor seja forte como o rochedo!

Os pais esperam o fim do enlace simbólico,
as lágrimas descem de alegria ou tristeza?!
Entregam sua filhinha com gesto melancólico,
e pedem a "Deus", que faça feliz sua princesa!



                          














A.C.Amrorim
13/05/2000