O
TRONCO
Inerte e tosco um pedaço de você,
estirado no chão, marron do tempo
acho que sentes e chegas a sofrer,
ali largado, nesse ínfimo contratempo.
Na chuva e sempre molhado,
passa os dias e sem perceber,
que estás ficando desgastado,
e o tempo está a te corroer.
És roliço e sem querer decorativo.
Tiram fotos em pose e até sentados!
Ou algum nervosinho num gesto criativo,
em sua ira por vingança, és chutado.
Outros se apoiam para amarrar o calçado,
o cadarço solto escoram-se, e até,
alguns achando que é o lugar indicado,
para seu animal fazer o xixi em pé.
Como sofre esse redondo tronquinho!
De uma grande árvore que enfeitou,
alguma calçada, e hoje é só um banquinho,
e acabar no tempo é o que restou!
A.C.Amorim
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