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domingo, 29 de agosto de 2010

                              FERNANDO SABINO

Hoje vou fazer uma homenagem a um grande escritor e jornalista brasileiro, Fernando Tavares Sabino. Nascido em 12 de outubro de 1923. Em Belo Horzonte, onde aos 13 anos escreveu seu primeiro trabalho literário. Não vou descreve-lo, devido ao grande número de blogs já existente com enorme conteúdo. Ao meu ver não existe o que falar. Para meu conhecimento que não é nada, ele foi completo. Principalmente o livro A MULHER DO VISINHO, apaixonantes contos realista, leves e bem humorados. Vou deixar aqui algumas frase que  deixou. A qual encontrei no blog PENSADOR.INF. Se quiserem dar uma passadinha por lá tem vários autores e frases.
De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.



O genêro literário de sabino era de uma aparente singeleza, transparencendo o humor, a ironia, ás vêzes o espirito satírico- mas
sobretudo a solidária sensibilidade do autor para o que há de delicado ou divertido nas criaturas. ( tirada do livro a mulher do vizinho).

de Fernando Sabino tirado do livro acima

DEZ MINUTOS DE IDADE

A ENFERMEIRA surgida de uma porta me impôs silêncio com o dedo junto aos lábios e mandou-me entrar.Estava nascendo! E era uma menino!
          Nem bonito nem feio; tem boca , orelhas, sexo e nariz no seu devido lugar, cinco dedos em cada mão e em cada pé. Realizou a grande temeridade de nascer, e saiu-se bem da empreitada. Já enfrentou dez minutos de vida. Ainda traz consigo, nos olhinhos engazeados, um resto da eternidade.
               Portanto, alegremo-nos. A vida também não é bonita nem feia. Tem bocas que murmuram preces, orelhas sábias no escutar, sexo que se contentam, perfumes vários para o nariz, mãos que se apertam, dedos que se acariciam, multiplos caminhos para os pés.
É verdade que algumas palavras, melhor fora nunca dize-las, outras nunca escutá-las. Olhos há que procuram ver o que não podem, alguns narizes se metem onde não devem. Há muito prazer insatisfeito, muito desejo vão. Mãos que fecham. Pés que se atropelam. Mas o simples ato de nascer já pressupõe tudo isso, o primeiro ar que se respira já contém as impurezas do mundo. O primeiro vagido é um desafio. A vida aceitou um novo corpo e o batismo vai traçar-lhe um destino. A luta se inicia: mais um que será salvo. Portanto, alegremo-nos.
          Menino sem nome ainda, não te prometo nada. Não sei se terás infância: brinquedos , quintal monte de areia, fruta verde, casca de árvore, passarinho, porão de fantasmas, formigas em fila, beira rio, galinha no choco, caco de vidro, pé machucado. O mundo de hoje, tal como o estou vendo da janela do meu apartamento, desconfio que te reserva para a infância um miraculoso aparelho eletrocosmogônico de brincar. Ou apenas uma eterna garrafa de coca-cola e um delicioso chica-bom.
          Aceita, menino, esses inofensivos divertimentos. Leva-os a sério, com toda aquela seriedade grave da infância, chupa o chica-bom, bebe a coca-cola, desmonta e torna a montar a miraculosa máquina de brincar de nosso século, que a imaginação de teu pai jamais poderia sequer conceber. Impõe a essas coisas e a essa vida que te oferecerão como infância a sofreguidão de tua boca, a ousadia de teus olhos e a força de tuas mãos. Imprime a tudo que tocares a alegria que me deste por nasceres. Quaquer que seja a tua infância, conquista-a, que te abençôo. Dela te nascerá uma convicção. Conquiste-a também-- e vai viver, em meu nome. Nada te posso dar senão um nome.
          Nada te posso dar. No teu primeiro instante de vida minha estrela não se apagou. Partiu-se em duas e lá no alto uma delas te espera, será tua. Nada te posso dar senão um nome e esta estrela. Se acreditares em estrela, vai buscá-la. 

retirado do livro A MULHER DO VIZINHO 18ª Edição   2008
 Fernando Sabino.

10/1923 <> 10/2004

sábado, 21 de agosto de 2010

BALADA
             DA
                  DOR


Tristezas que doem
por dentro moem
ao ver desgraças acontecerem.
Águas que levam
no mais alto se elevam
fazendo tantos sofrerem!
São arrastadas
as mais pobres e as abastadas
criaturas humanas!
Triste situação
todos no chão
em condição desumana.
O rico e o pobre
alguns de alma nobre
misturados na morte.
Outros conseguiram
e nem sequer fugiram
foi Deus ou foi sorte?,,,
À volta só resta
o ar que infesta
e não adianta chorar!
É dor, solidão
da grande traição
que veio do mar!
Nas covas abertas
a alma deserta
e uma pergunta no ar...
Por que aqui tão lindo?
Se tudo está findo?...
"É Deus a governar!"

Balada da Dor, dei esse nome porque
escrevi de momento, no dia 28 de dezembro de 2004,  em  decorrencia da trajédia ocorrida na Indonésia. Mas como estou postando hoje, deixo aqui minha solidariedade a tantas outras, que fizeram vítimas. E meu pedido a Deus, que abrande a Natureza e perdão em sermos nossos próprios carrascos!

A.C.Amorim
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A
   MARÉ

Esse mar imenso de água azul,
forma ondas.
Que na quebra  suas espumas
vem sorrateiras,
umedecer com seus beijos,
a branca areia!
Esperando-a com alegria
e de braços abertos,
recebe a cada volta, na sua amplidão!
A praia sem movimento dos transeuntes,
quase deserta,
abraçados um ao outro
o murmurio quebra
o silencio da solidão!


Novamente a maré escoa,
volta seu curso.
Deixando a areia só ouvindo o canto,
do vai e vem,
que de tristeza entoa!
Na espera do retorno vislumbra,
o grande painel dos amantes.
Unindo-se no horizonte em convexo,
o encontro das águas: céu e mar!


Logo o retorno é infalível,
previsto em euforia.
A onda formada em espuma estoura,
trazendo um espetáculo nunca visto!
Lança-se sobre a areia com frenesi.
E tomando-a para si,
que ansiosamente esperava,
mata a sede e se deixa banhar!
É só um momento breve,
mas intenso.
Sabe que logo estará com suas
angústias,
quando a água retornar,
para esse mar imenso!


A.C.Amorim